Este blog tem como objetivo divulgar o acervo da Coleção Livro de Artista da Universidade Federal de Minas Gerais, a primeira coleção em uma biblioteca de universidade pública no Brasil. Em atividade desde novembro de 2009, o acervo possui mais de 1.500 livros de artista, além de obras de referência, revistas especializadas e revistas de artista. Atualmente este é o maior acervo público de livros de artista da América Latina.
Fernanda Grigolin Recôncavo São Paulo, Ediciones Costeñas, 2015 14 x 18 cm 46 p. 500 ex
‘recôncavo’ é um livro de artista que parte do fotográfico para construir um lugar imaginário. Na feitura do livro, a poesia, o desenho e a montagem são essenciais. O recôncavo pode ser um antro, um buraco, uma cova, uma região geográfica delimitada ou nosso próprio corpo.
Fabiana Ruggiero As casas onde eu gostaria de morar São Paulo, Gauche Books, 2017 43 x 20 cm [25] p. 50 ex.
O primeiro livro da artista Fabiana Ruggiero é também o primeiro lançamento da Gauche Books. As casas onde eu gostaria de morar é o relato psico-geográfico de uma incursão afetiva no tempo e no espaço, em busca de satisfazer um desejo: habitar lugares inabitáveis. Casas da minha memória, para onde meus sonhos me conduzem. Lugares de intimidade designados por atração. Espaços de proteção, abrigos de felicidade. Uma espécie de casa que se desloca com o sopro do tempo. Livro de artista composto por dez lâminas, cada qual uma montagem entre uma fotografia e um desenho. Imagens que operam entre a percepção e a memória, pensamento e sonho, real e imaginário; extensões de vivências. Encontro com um passado evocado em fragmentos, no momento presente, e que se orienta às ações do futuro. Sentimentos e sonhos que são despertados por causa e a partir das imagens, que não existem sem elas, mas por causa delas. A cada nova mirada, novas memórias, novas histórias, novos sentimentos e desejos são revelados. Trata-se da possibilidade e da liberdade de ver, imaginar e sonhar. Cada livro guarda uma promessa de futuro.
Fábio Morais Não Ikrek, São Paulo, 2014 15,5 x 23 cm 128 p. 300 ex
Fabio Morais, que tem o livro como base de suas investigações artísticas, foi convidado a inaugurar a série. Em um exercício de referência à história da impressão (e da expressão) no Brasil, Fabio escreve textos, reune referências e cria diálogos que cobrem o tema desde o século XVIII – com a possível chegada de tipografias ao paÍs, passando pela proibição de suas instalações, até a autorização concedida em 1808, com a transferência da Corte portuguesa para o país – até a censura instituída pelo golpe de 1964, chegando aos anos 2000, onde torna evidente a comunicação instantânea dos novos meios.
Fabio começa essa obra subvertendo a própria organização física do livro: o texto já se inicia na capa, ocupa algumas páginas do miolo, sem numeração para então dar lugar a imagens. Essas imagens constituem um diálogo: para acompanhá-lo, o leitor deve “ir e voltar” pelo livro, uma vez que as páginas estão baralhadas. O fim desse exercício leva ao que seria a capa do livro, na dupla central, com a resposta à última pergunta do diálogo: não. Findo o diálogo, o texto é retomado, para então terminar na quarta capa.
Ignasi Aballi Sobre a Cor: Tratado em preto e branco para seu uso e aplicação São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2010
A obra “Sobre a Cor: Tratado em preto e branco para seu uso e aplicação” é fruto da exposição Teoria, do artista Ignasi Aballi, que ocorreu em 2010 na Pinacoteca de São Paulo. O livro foi produzido como uma espécie de manual de instruções para a experiência do espaço de trabalho dentro dos museu, além de uma forma de estímulo à memória e à reflexão sobre a pintura.
Charlene Cabral Charlene com Ch São Paulo, vendo luzes, 2016 15 x 12cm Impressão digital sobre papel offset 120g, caixa em papel kraft 300g carimbada, 32 páginas soltas, A6
O nome como suposição de algo e como falha dessa suposição, como trapaça da linguagem, como embalagem mental pra um corpo que lhe foge e que em nada se parece a outros de mesmo rótulo. O peso do que foi nomeado à revelia, e que por isso se situa eternamente na corda bamba entre verdade e mentira, não sendo nem uma nem outra, somente absurdo: múltiplo sem padrão.
[Publicação com dois capítulos: o primeiro com imagens referentes ao nome Charlene, o segundo com capturas de tela de perfis no Facebook de pessoas com o mesmo nome e sobrenome da autora. A sequência de páginas emula a cronologia da vida de uma mesma Charlene, da infância à morte (e eventual ressurreição). O título é um jogo entre um suposto domínio .com.ch , inexistente, e a frase que a autora sempre diz quando alguém solicita escrever seu nome.]
Josh Smith Ringier AG Jahresbericht 2008 Zürich, Ringier, 2009 22 x 17 cm [307] p.
Os relatórios anuais da Ringer são feitos em colaboração com artistas renomados desde 1997. Eles são impressos em uma tiragem de milhares de exemplares, traduzidos para 3 idiomas e distribuídos gratuitamente. Sobre a edição de 2008, apenas 61 das 307 páginas são realmente o relatório da empresa, já as outras páginas são artes com diversos tipos de interferências do artista Josh Smith.
Martin Parr Boring Postcards USA Londres, Phaidon Press, 2004 14.92 x 20.64 cm 176 p.
Nessa obra o autor da prosseguimento ao seu primeiro livro na temática “Boring Postcards”, em que ele realiza uma coletânea dos cartões postais mais chatos da Grã-Bretanha dos anos 1950, 60 e 70. Diferente do que o título propõe, o livro era fascinante e extremamente engraçado.
Por ter sido um trabalho muito bem sucedido naquilo que se propõe, Martin Parr, volta seu olhar para os Estados Unidos e reúne, novamente, os cartões postais mais sem graça e monótonos em um livro.
Além disso, à medida que o estudo de cartões postais se torna um campo de interesse acadêmico, este livro oferece mais do que diversão: como um registro de arte folclórica dos não-lugares e não-eventos da América do pós-guerra, ele revela insights pungentes sobre suas características sociais, culturais e arquitetônicas. valores.
Matheus Rocha Pitta O ano da mentira Ikrek, São Paulo, 2018 10 x 10 cm 365 p. 1000 ex.
Matheus Rocha Pitta tem o jornal [recortes, fotos, etc.] como fonte essencial em sua produção. A partir da coleta de imagens de manifestações em diferentes jornais [o acervo recolhido pelo artista é de longa data e está em constante expansão], Matheus elabora um calendário. Mas o artista extrai as frases das bandeiras e faixas e as substitui pela inscrição 1 April 2017.